Especialistas em mudanças climáticas, economia e urbanismo destacam a necessidade de considerar medidas resilientes para a reconstrução do Rio Grande do Sul após eventos climáticos extremos. Propõem o plantio de vegetação nativa e alimentos em 1,165 milhão de hectares em áreas de preservação permanente e reserva legal. Este esforço não apenas atende às exigências legais, mas também impulsionaria a economia, com a geração estimada de 218 mil empregos no estado e 5 milhões em todo o Brasil. O estudo "Os Bons Frutos da Recuperação Florestal", do Instituto Escolhas, detalha essa proposta. Segundo Sérgio Leitão, diretor da entidade, o investimento necessário é da ordem de R$ 220 bilhões, mas os retornos seriam consideráveis. No RS, metade da área a ser plantada está em matas ciliares, regiões críticas que demandam recuperação urgente. Além de promover a segurança ambiental, a infraestrutura natural retarda o escoamento da água em enchentes e permite sua infiltração, reduzindo alagamentos. O modelo de recuperação proposto também é economicamente viável, combinando a vegetação com a produção de alimentos. Contudo, há desafios logísticos e financeiros. É necessário investir em sementes, mudas, capacitação de profissionais e pesquisa. Essa iniciativa, além de gerar ganhos sociais e ambientais, poderia ajudar o Brasil a cumprir suas metas climáticas assumidas no acordo de Paris em 2015. Outros países também adotam estratégias semelhantes. Nos EUA, a Lei da Redução da Inflação prevê o Civilian Climate Corps, focado na recuperação da infraestrutura natural e geração de empregos. No Quênia, o governo promoveu o plantio de 100 milhões de mudas de árvores, inspirado no trabalho da ativista Wangari Maathai. A reconstrução do Rio Grande do Sul não se limita apenas à infraestrutura física, mas também à resiliência ambiental e econômica. É uma oportunidade para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
