Desastres Naturais Podem Influenciar Resultados Eleitorais, Indica Estudo Um estudo recente analisou o impacto dos desastres naturais no cenário político brasileiro, revelando uma relação significativa entre eventos climáticos extremos e a resposta dos eleitores nas urnas. De acordo com os dados levantados, áreas afetadas por calamidades ambientais tendem a punir os governantes em exercício durante essas tragédias. A crescente frequência de eventos climáticos extremos, como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, não apenas molda a paisagem física das regiões afetadas, mas também influencia o contexto político. Estudos nacionais e internacionais têm demonstrado que eleitores em áreas atingidas por desastres ambientais estão mais propensos a expressar insatisfação nas eleições subsequentes, culminando em uma redução no apoio aos líderes políticos incumbentes. Desde o ano 2000, o Brasil enfrentou 158 desastres naturais, incluindo enchentes e epidemias de doenças transmitidas por vetores como a febre amarela e a dengue. Entre esses eventos, destacam-se as chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011, que resultaram em mais de 900 vítimas fatais. Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizaram um estudo em 2020 para investigar o impacto desses desastres nas eleições locais, com foco no estado do Rio de Janeiro, onde 66% das mortes por desastres hidrológicos ocorreram entre 2000 e 2014. A análise revelou que tragédias climáticas tendem a se refletir em uma menor votação para os prefeitos em exercício nas áreas afetadas. Segundo dados do Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia de Desastres (EM-DAT), um episódio de chuva intensa pode reduzir entre 1,8 e 3 pontos percentuais o apoio ao prefeito atual. Isso foi evidenciado nas eleições de 2012, após as chuvas devastadoras na Região Serrana do Rio de Janeiro, quando duas das três cidades mais afetadas, Teresópolis e Petrópolis, mudaram de liderança política. O estudo também destacou casos em São Paulo que corroboram essa tendência. Em 2004, as enchentes na capital paulista contribuíram para a queda da então prefeita Marta Suplicy (PT), que não foi reeleita devido à percepção pública dos alagamentos como o principal problema da cidade. Em 2016, enchentes na Região Metropolitana de São Paulo resultaram na mudança de governo em várias cidades afetadas. No entanto, o impacto eleitoral dos desastres naturais não é uniforme. Em algumas situações, como as chuvas na Baixada Santista em 2020, embora tenham causado 60 mortes, apenas uma cidade, São Vicente, mudou de administração nas eleições seguintes. Especialistas ressaltam que o efeito eleitoral dos desastres naturais não pode ser atribuído exclusivamente aos eventos em si, pois outros fatores influenciam os resultados, como a resposta do governo às crises e a vulnerabilidade prévia dos eleitores. Comunidades já enfrentando problemas estruturais, como falta de saneamento básico, tendem a punir menos severamente seus governantes após uma tragédia. Em suma, o estudo aponta para a importância de uma gestão eficaz das crises ambientais por parte das autoridades governamentais, não apenas em termos de resposta imediata, mas também considerando suas implicações políticas a longo prazo. A compreensão dessa dinâmica é fundamental para uma governança mais responsiva e preparada para lidar com os desafios do século XXI.