Quem conhece o Sul de Minas, região de Poços de Caldas, indo para Varginha certamente se lembra da pedra enorme às margens da rodovia, entre Campestre e Machado. A pedra fica dentro da Fazenda Pedra Grande, no município de Campestre e no início do século passado era propriedade do Coronel Zeca da Pedra, líder político daquela cidade. Zeca era homem rude, de pouca instrução mas comandava a região e por conta disso era Deputado Estadual. Seu filho, Luiz da Pedra, era liderança em Poços de Caldas. Tudo caminhava em paz. Zeca mandava na fazenda de 11 mil hectares, mandava na pedra e na cidade, até que Arthur Bernardes, governador de Minas e presidente do poderoso Partido Republicano de Minas decidiu que Zeca da Pedra deveria abrir mão da disputa como deputado estadual (bitola estreita) para ser candidato a deputado federal (bitola larga) e Luiz da Pedra, filho, seria o candidato na bitola estreita! Zeca da Pedra não aceitou a mudança, rompeu com o governo de Minas e passou a ser perseguido. Os adversários de Zeca chegaram ao ponto de mudar a divisa dos municípios de Campestre e Machado. Por conta disso Zeca, a fazenda e a pedra dormiram pertencendo a Campestre e acordaram pertencendo ao município vizinho! Zeca então tomou a decisão de romper definitivamente com o governo de Minas e decretou a criação da República Livre da Fazenda Pedra Grande, criando por conta um novo estado dentro de Minas Gerais! Fez isso e reuniu uma jagunçada da fazenda e dos arredores e enfiou todo mundo armado em cima da Pedra Grande e ficaram esperando as forças de segurança de Minas Gerais, enviadas para acabar com a República recém criada. As tropas chegaram primeiro a Poços de Caldas, coisa de 50 homens e Luiz da Pedra enviou mensageiro avisando a quantidade de milicos. Zeca da Pedra então analisou o quadro e as possibilidades de manter a República a bala mas viu-se em desvantagem numérica e capou o gato! Ficaram a pedra, a fazenda e o coronel teriam fugido para São Paulo e dali para Portugal, mas outras fontes afirmam que ficou no Brasil mesmo e teria falecido no Rio de Janeiro em 1943. Já as tropas do governo de Minas não encontrando Zeca teria se divertido brincando de tiro ao alvo nas vacas que encontravam pelo caminho, deram tiros no sino da igreja e prenderam um padre subversivo apoiador do Zeca da Pedra. Isso aconteceu por volta de 1920, mostrando que essa coisa de golpe é antiga e dá sempre errado! Os que tentam acabam desmoralizados, presos ou viram fugitivos! Mesmo assim não aprendem! Essa história foi contada pelo grande jornalista Luiz Nassif, do GGN, nascido em Poços de Caldas e sempre que vamos a Varginha passamos e paramos defronte a Pedra Grande, que é imensa e impressionante!
