O relatório "Ataques às Escolas no Brasil," elaborado por um grupo de especialistas em violência escolar, apresenta uma visão preocupante da situação. De 2022 a 2023, o número de ataques às escolas mais do que dobrou, passando de sete para 16 casos. Esses dados foram enviados ao Ministério da Educação pelo grupo de especialistas. O relatório, liderado pelo Professor Daniel Cara da Faculdade de Educação da USP, com a contribuição de Helena Rodrigues, Catarina Santos, Letícia Oliveira, Miriam Abramovay e Andressa Pellanda, abrange 150 páginas. Os resultados revelam que esses ataques às escolas no Brasil resultaram em 164 vítimas, incluindo 49 casos fatais e 115 feridos. Dentre os ataques, 16 envolveram armas de fogo como arma principal, 16 utilizaram armas brancas e quatro usaram outros métodos. É importante notar que os ataques com armas de fogo apresentaram uma taxa de fatalidade significativamente mais alta, respondendo por 77,55% das 49 mortes, enquanto as armas brancas foram responsáveis por 22,45% das fatalidades. Outros objetos não letais também foram usados nos ataques. Das 37 escolas atingidas por violência extrema, 30 são públicas (14 municipais e 16 estaduais) e sete são instituições privadas. O relatório também sugere soluções possíveis. Ele destaca a importância de combater discursos extremistas digitais que incentivam novos ataques às escolas, enfatizando a necessidade de aprimorar a educação digital e midiática e promover o uso responsável da internet, especialmente entre os pais. Além disso, o combate ao bullying escolar e ao cyberbullying é fundamental, com a criação de materiais para combater a desinformação e prevenir o crescimento de discursos misóginos, racistas e homofóbicos. É importante ressaltar que o relatório se baseia em diversas fontes, incluindo um relatório do governo de transição, o relatório do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, bem como experiências nacionais e internacionais discutidas durante o 1º Seminário Internacional sobre o tema realizado em Brasília, organizado pelo grupo de especialistas. Agora, cabe às autoridades governamentais, sejam elas federais, estaduais ou municipais, tomar medidas. O grupo de especialistas realizou o estudo, construiu pontes e colaborou, e é hora de cobrar ação, especialmente do Ministério da Educação. O Ministério da Justiça e Segurança Pública merece destaque por seus esforços elogiáveis no enfrentamento dessas questões. O relatório também aborda a influência dos jogos no comportamento criminoso e faz uma recomendação específica em relação aos video games. Ele reconhece o gênero amplamente popular dos jogos de tiro em primeira pessoa e aconselha contra a proibição e culpabilização. Em vez disso, sugere que a educação é mais eficaz do que restrições, pois medidas restritivas podem gerar ressentimento e ódio, aumentando o risco de novos ataques às escolas. Este relatório complementa um documento formalizado durante o governo de transição para prevenir e monitorar ataques às escolas, especialmente aqueles direcionados a professoras e alunas, que são as principais vítimas desses crimes. O grupo de especialistas é composto por profissionais como Daniel Cara, Zara Tripodi, Yann Evanovick, entre outros, e conta com o apoio do Ministério da Educação em seu trabalho crucial.