A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enfrenta sérias alegações de monitoramento ilegal de aproximadamente 30 mil indivíduos considerados opositores ao governo durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. As revelações foram feitas pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, em entrevista à GloboNews. Rodrigues detalhou que as investigações conduzidas pela PF identificaram que os dados monitorados foram armazenados de forma clandestina em uma nuvem em Israel, indicando uma operação ilegal e preocupante. O diretor-geral enfatizou a gravidade da situação ao recuperar esses dados e destacou que a empresa responsável pela ferramenta é israelense. A ilegalidade do monitoramento levou a prisões, buscas e apreensões, com uma análise abrangente do material apreendido. A situação se desdobrou a partir de uma operação da PF em outubro passado, que investiga o suposto uso indevido de um software de geolocalização pela Abin durante a gestão Bolsonaro. Essa operação resultou na prisão preventiva de dois servidores e em 25 ações de busca e apreensão. Por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, cinco servidores da agência foram afastados de seus cargos. Rodrigues expressou a extrema gravidade do uso indevido dessa ferramenta de monitoramento, ressaltando que se trata de uma fragilidade no sistema de comunicação do país. Ele salientou que o monitoramento de comunicações ou telefone só é permitido em investigações criminais autorizadas pela autoridade judiciária, o que não ocorreu nesse caso. A PF agora está empenhada em identificar os responsáveis por esses monitoramentos ilegais, buscando responsabilizá-los perante a Justiça. Procurada pela Reuters, a Abin não respondeu imediatamente ao pedido de comentário, deixando o caso envolto em questionamentos e preocupações sobre a legalidade e a ética das práticas de inteligência.