O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) efetuou a demissão do diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, após informações sobre uma suposta espionagem ilegal durante a gestão de Alexandre Ramagem. A Polícia Federal (PF) está investigando as alegações relacionadas à gestão passada da Abin, enquanto Ramagem atuava como diretor durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, está entre os alvos. A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial na noite desta terça-feira. O novo diretor-adjunto da Abin é Marco Aurélio Chaves Cepik, Professor Titular de Relações Internacionais e Política Comparada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A decisão de Lula foi baseada na possibilidade de relação de Moretti com Ramagem, e ele condicionou a demissão à confirmação desses laços. O presidente Lula ressaltou a importância da confiança em indicações para órgãos como a Abin. A suspeita investigada pela PF envolve o rastreamento de celulares de frequentadores do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo funcionários, advogados, policiais, jornalistas e ministros. A investigação identificou cerca de 33.000 acessos de localização. A PF informou sobre indícios de "possível conluio" entre a atual gestão da Abin e investigados no monitoramento de autoridades. Um relatório menciona uma conversa de Moretti, então diretor-geral da agência, com agentes investigados, onde ele teria afirmado que o processo tinha "fundo político e iria passar" e que obteve "apoio lá de cima". O atual diretor-geral, Luis Fernando Correa, estava presente, mas ainda não havia assumido o cargo. A gravidade dos fatos, segundo a PF, é agravada pelo possível conluio, causando prejuízo à investigação, aos investigados e à própria instituição.