Comitiva brasileira busca apoio nos EUA para denunciar supostas violações à democracia no Brasil No início de março, uma delegação de deputados brasileiros liderada por Eduardo Bolsonaro passou uma semana em Washington, buscando apoio político para convencer os parlamentares republicanos de que o Brasil enfrenta uma crise democrática. Um dos objetivos declarados foi persuadir os Estados Unidos a aprovarem uma lei que penalize autoridades brasileiras, acusadas de violar os direitos dos conservadores, e a imporem sanções ao país para derrotar a alegada "ditadura de esquerda". Inicialmente convidados para uma audiência na Comissão Tom Lantos de Direitos Humanos, os deputados tiveram que mudar de planos quando o democrata James P. McGovern, um dos copresidentes da comissão, vetou o evento, alegando que os republicanos estavam usando o Congresso dos EUA para apoiar os negacionistas eleitorais da extrema direita que tentaram dar um golpe no Brasil. Durante a visita, os parlamentares brasileiros também se encontraram com diversas personalidades e instituições norte-americanas, incluindo o bilionário Elon Musk e membros do Congresso, como o republicano Chris Smith. Eles buscaram apoio para a sua narrativa de uma "ditadura de esquerda" no Brasil, apresentando até mesmo um projeto de lei chamado "Lei Brasileira de Democracia, Liberdade e Direitos Humanos". A influência de grupos de lobby e think tanks conservadores norte-americanos também foi evidente, com reuniões realizadas em instituições como o Cato Institute e o Capitol Hill Club. Além disso, a comitiva bolsonarista fez contatos com membros do Parlamento Europeu, buscando expandir o alcance de sua mensagem para além das fronteiras dos Estados Unidos. Apesar das tentativas de influenciar a opinião internacional, alguns questionam a legitimidade desses esforços, comparando-os aos movimentos de dissidentes cubanos, venezuelanos e nicaraguenses exilados nos EUA. Para especialistas, os bolsonaristas estariam tentando equiparar o governo brasileiro atual com ditaduras latino-americanas, em uma estratégia de advocacy que pode não representar uma resistência legítima. A persistência dos deputados em buscar apoio internacional parece estar rendendo frutos, conforme alguns parlamentares norte-americanos começam a se envolver mais ativamente na questão brasileira. No entanto, o cancelamento da audiência na Comissão Tom Lantos mostra que há controvérsias e resistências dentro do próprio Congresso dos EUA em relação a esses esforços. Apesar das polêmicas e da divergência de opiniões, o fato é que a busca por apoio internacional faz parte de uma estratégia mais ampla do bolsonarismo para tentar moldar a percepção sobre a situação política no Brasil. O resultado desses esforços e o impacto real que terão na política nacional e internacional permanecem incertos.
